Hérnia Inguinal
Está entre os motivos mais frequentes de consulta com o cirurgião pediátrico. As hérnias inguinais em crianças geralmente são classificadas como hérnias indiretas, congênitas, presentes desde o nascimento até o desenvolvimento adulto.
Bebês prematuros a incidência é maior, cerca de 10-30%, comparada as crianças a termo de 3-5%.
A cirurgia de herniorrafia inguinal deve ser realizada no momento do diagnóstico, pois o risco de encarceramento (quando o intestino ou ovário ficam presos no saco herniário) é maior quanto menor for a criança.
Quando a hérnia inguinal encarcerada, necessita ser reduzida manualmente com urgência.
A maioria das hérnias inguinais é assintomática, apenas sendo identificada alteração anatômica de assimetria entre a região inguinal ou sinal de protusão local.
Algumas patologias são fatores de risco para desenvolvimento da hérnia, como a fibrose cística, aumento pressão abdominal, hidrocefalia, pacientes com diálise peritoneal, malformações da parede abdominal e outras doenças do tecido conjuntivo (Ehler-Danlos).
Normalmente, a cirurgia é realizada em caráter ambulatorial, com alta no mesmo dia do procedimento.
Nas crianças, raramente usamos telas no reparo cirúrgico, diferente dos adultos. Sintomas de hérnia inguinal encarcerada são bem inespecíficos, como dor abdominal, vômitos e irritabilidade.
No exame da região inguinal, temos uma massa irredutível, dolorosa e, às vezes, com eritema local.
O encarceramento pode ser o primeiro sinal de manifestação da hérnia, especialmente em lactentes.
Uma vez que a hérnia foi reduzida, podemos ter que esperar entre 1-2 dias para diminuir o edema para a realização da cirurgia definitiva.
De forma geral, 90% das hérnias são reduzidas com sucesso em mãos habilidosas. Hérnias volumosas, com ostio grande, tem menos chance de encarceramento Importante saber fazer o diagnóstico diferencial de hidrocele , cisto de cordão ou encarceramento do ovário, patologias que não requerem urgência.
No caso do ovário encarcerado, nem sempre temos prejuízo da vascularização do mesmo, podendo corrigir o defeito de forma eletiva.
É fundamental a avaliação de um profissional qualificado.
Hernia Umbilical
Patologia comum entre as crianças. É a única hérnia que podemos ter resolução espontânea, sem necessidade de cirurgia.
A incidência pode variar de acordo com a raça, idade de nascimento e doenças co-existentes.
Podemos aguardar até 3-4 anos dependendo do tamanho da hérnia (do ostio dela). Defeito da parede maior que 1,5 cm ou com proboscide associado requerem cirurgia antes dessa idade.
Curativos de pressão e outros procedimentos não são indicados, pois não causam o fechamento e podem lesionar a pele. O encarceramento da hérnia umbilical é raro, mas pode ocorrer.
Quanto menor o defeito, maior o risco de encarceramento. Hérnias volumosas, com osteo grande, tem menos chance de encarceramento.
O fechamento cirúrgico de uma hérnia umbilical é geralmente simples, ambulatorial.
Hernia Epigástrica
Hérnia de parede abdominal através da linha média.
Geralmente são defeitos pequenos, com gordura pré-peritoneal, localizadas acima do umbigo até xifoide (linha alba).
Importante diferenciar da diástase do reto abdominal, muito frequentes nas crianças. Essas hérnias são dolorosas a palpação e podem ter mais que uma em locais diferentes da linha alba. O tratamento é sempre cirúrgico, não há resolução espontânea nelas.